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📫 No último mês, no âmbito de dois projetos relacionados com Saúde Mental e Bem-Estar, li um conjunto de relatórios para garantir que tinha dados atualizados e as últimas recomendações oficiais em torno destes temas.
Algumas notas sobre este exercício:
O número médio de páginas dos documentos que consultei é 44.
A minha formação é em Psicologia, este é um tema que estudo regularmente, e ainda assim, para ter um mínimo de compreensão e profundidade na análise não me bastaria ler apenas um dos documentos.
No total, li 305 páginas. O equivalente a dois livros de não ficção.
Questões que me ocorreram durante o processo:
Será este o melhor formato para comunicar informação que se pretende que sirva de base para as empresas definirem ações promotoras da Saúde e Bem-estar?
Será que alguém que está a começar a trabalhar estes temas, e que poderá não ter formação na área, sabe quais as fontes a consultar?
Será realista esperar, nos dias de hoje, que alguém leia documentos com esta dimensão? Não estou a perguntar se é expectável (a minha opinião está implícita no facto de eu ter lido), a pergunta é se será uma expectativa ajustada à realidade dos nossos dias.
Não tenho respostas muito definidas para nenhuma das questões, mas numa altura em que cada vez mais pessoas falam sobre estes temas parece-me importante lançá-las para reflexão.
E agora os temas deste mês, vamos a isto!
Netflix e o sono
Sabias que o fundador da Netflix em tempos anunciou publicamente que os seus maiores concorrentes eram o sono e “a ampla gama de coisas que as pessoas fazem para relaxar, descontrair, conviver e se ligar umas às outras”? Este mês recupero um artigo em que analiso a forma como a plataforma explora as nossas fragilidades emocionais e cognitivas para fazer face a estes concorrentes de peso.
📌 Ler o artigo (em inglês)
A angústia de ser generalista
Para quem constrói uma carreira como especialista, pode ser difícil compreender a angústia dos generalistas. Se sabes do que estou a falar (ou se não sabes mas gostavas de entender), este conjunto de sugestões para lidar com a dispersão de interesses deu-me que pensar, sobretudo por não concordar com grande parte das ideias (às vezes são as visões das quais discordamos as que mais nos ajudam a construir a nossa própria opinião). Gostava muito de ouvir a tua perspetiva - se quiseres partilhar, basta responder a este e-mail.
Ascensão e queda de um meditador
Dan Harris era apresentador na ABC News há 20 anos quando teve um ataque de pânico em direto. Depois de uma cuidada análise à sua saúde mental e condições de vida, abandonou a carreira no jornalismo e dedicou-se, em termos pessoais e profissionais, à meditação. Anos mais tarde, decidiu pedir feedback a colegas, amigos e familiares para perceber de que forma o trabalho interior que vinha fazendo se refletia no exterior e… digamos que o resultado foi bastante diferente do que esperava. A história é contada por ele de forma hilariante, numa TED Talk em que deixa também algumas dicas práticas a partir do que aprendeu.
📌 Ver a TED Talk (13 minutos)
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As cadeiras que ficam para trás
Em tempos ouvi uma entrevista em que a antiga CEO da PepsiCo insinuava que a decisão de várias empresas norte-americanas de transitar para um modelo 100% remoto poderia tratar-se de um exercício de pressão sobre o mercado imobiliário para forçar uma descida nos preços dos escritórios. Teorias da conspiração à parte, o movimento parece ter gerado repercussões noutro setor: de acordo com o New York Times, a venda de mobiliário de escritório em segunda-mão está em franco crescimento em Silicon Valley.
Aprender sobre luto
Sugestão “carta fora do baralho” deste mês: o jornalista Anderson Cooper (que em Portugal é conhecido sobretudo por ser correspondente do programa 60 Minutos, transmitido na SIC) lançou um podcast com o qual tenho aprendido muitíssimo sobre o processo de luto. O ponto de partida é a morte da mãe, e o facto de ser necessário esvaziar o apartamento que deixou, o que o leva a confrontar memórias perdidas em gavetas e a descobrir pedaços de história que desconhecia. A partir daí, nos episódios seguintes, convida especialistas, artistas e pessoas que de alguma forma lidam com o luto nas suas vidas para o ajudar a dar significado ao que vai encontrando. É duro, mas é também um excelente exercício de empatia.
Estas foram algumas das ideias que passaram pelos meus cadernos ao longo deste mês e que escolhi partilhar contigo.
Fica à vontade para enviar esta edição a quem quiseres.
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Até abril! 👋
ótimo conteúdo, como sempre! Parabéns, Ana :)